VIDA URBANA
Fecundidade deve cair até 2030 na Paraíba
Indicadores mostram que fecundidade entre as paraibanas deve cair 16,21%; estudo do IBGE elencou as taxas de fecundidade por grupos etários.
Publicado em 01/11/2013 às 6:00 | Atualizado em 18/04/2023 às 17:37
Até 2030, a taxa total de fecundidade na Paraíba deve registrar uma queda de 16,21%, saindo do patamar de 1,85 filho por mulher para 1,55. No grupo das mulheres na faixa etária dos 30 aos 44 anos, porém, vai haver crescimento. Os indicadores foram divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e integram o estudo sobre as Projeções da População.
O estudo do IBGE elencou as taxas de fecundidade por grupos etários. Os dados apontam uma tendência de queda de fecundidade na Paraíba e de redução da gravidez na adolescência, mas aponta que as mulheres paraibanas vão optar por engravidar mais tarde. O crescimento na taxa de fecundidade entre as mulheres de 30 a 44 anos será mais significativo a partir de 2016, seguindo de maneira progressiva até os 14 anos seguintes.
As mulheres com idades dos 35 aos 39, segundo o IBGE, devem apresentar o crescimento mais significativo de taxa de fecundidade. Segundo a pesquisa, a taxa deste grupo etário aumentará em 56,25%, passando de 0,032, este ano, para 0,050, em 2030.
Em segundo lugar estão as mulheres que aparecem no grupo etário dos 40 aos 44 anos. Para as mulheres com este perfil, a taxa de fecundidade será aumentada em 55,56%. A taxa sairá de 0,009, em 2013, para 0,014, em 2030. A dona de casa Ana Paula Oliveira tem 40 anos e espera o terceiro filho. Ela conta que engravidou pela primeira vez aos 26 anos e revela que desta vez a gestação não foi planejada.
“O primeiro e o segundo filho nós planejamos. Já esse veio sem que eu esperasse, mas estou contente. Será um menino”, comemorou a mãe, acrescentando ainda que fez o pré-natal com atenção porque foi informada pelos médicos que a gravidez é de risco. “Depois desse bebê, vou fazer a laqueadura, para não correr riscos”, disse.
O terceiro grupo das mulheres que acompanham as projeções para o aumento na taxa de fecundidade estão as com idades dos 30 aos 34 anos. Para as futuras mamães com este perfil, a pesquisa indicou um crescimento de 21,88%.
Em contrapartida, a taxa de fecundidade entre as mulheres mais jovens, dos 15 aos 29 anos deverá cair. A queda mais significativa acontecerá com o grupo dos 20 aos 24 anos, que este ano apresentam a taxa mais elevada na Paraíba (0,10), segundo o IBGE.
Conforme a pesquisa, em 2030 a taxa de fecundidade das mulheres desse grupo etário será de 0,057, o que representa uma queda de 45,19%, se comparado ao dado deste ano.
Iraponira Kelly do Nascimento integra as estatísticas recentes e foi mãe pela primeira vez aos 18 anos. Agora, 10 anos mais velha, ela está gestante do terceiro filho e, como Ana Paula, demonstra interesse em fazer laqueadura.
“Tive o primeiro filho muito nova e com essa gravidez, já serão três. Sei que ainda estou jovem, mas não pretendo mais engravidar”, revelou.
A obstetra e diretora do Instituto Cândida Vargas, Ana de Lourdes Vieira Fernandes, explica que toda gravidez exige cuidados. “A mulher deve realizar o pré-natal e ser acompanhada durante toda a gestação por um médico ginecologista, para evitar problemas para a mãe e a criança durante esse período e no momento do parto”, destaca Ana de Lourdes.
Ela ressalta ainda que quando se trata da primeira gestação em mulher com mais de 40 anos o médico deverá ficar atento a doenças como hipertensão arterial, diabetes e tireoidopatias porque nestes casos há possibilidade da gravidez ser considerada de alto risco.
Contudo, a obstetra explica que nos casos em que a gravidez for de baixo risco a mulher pode receber acompanhamento em Unidades Básicas de Saúde (UBS).
O antropólogo e professor da Universidade Federal da Paraíba Adriano de Leon explica que o fenômeno da queda da taxa de fecundidade da mulher e do aumento da gravidez na mulher madura é influenciado por aspectos culturais, econômicos e sociais. “O ingresso da mulher no mundo do trabalho e na graduação e até na pós-graduação é um dos aspectos que influencia na queda da taxa de fecundidade e a escolha pela gravidez na fase adulta.
Aliado a isso ainda há o desenvolvimento de tecnologias para a gravidez na maturidade que permite as mulheres acima de 42 anos terem o respaldo da qualidade da gravidez e da saúde do bebê, além de novos arranjos familiares que muitas vezes optam por não ter filhos ou então adotá-los influenciam na queda da taxa de fecundidade”, avalia o antropólogo. (Colaborou Luzia Santos)
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