VIDA URBANA
Mais de 50% dos pessoenses não sabem o que é saneamento básico
Estudo do Instituto Trata Brasil e Ipobe Inteligência revela que 52% dos pessoenses pensam que o serviço é municipalizado.
Publicado em 25/08/2009 às 9:11
Por Bartolomeu Honorato
Do Jornal da Paraíba
Mais da metade da população de João Pessoa desconhece o que é saneamento básico. A conclusão é do estudo “Percepções sobre Saneamento Básico” do Instituto Trata Brasil e do Ibope Inteligência. O documento – divulgado ontem – revelou que 365 mil (52%) dos 702 mil pessoenses pensam, por exemplo, que o serviço é municipalizado. Em Campina Grande, 92 mil (24%) dos quase 384 mil moradores da cidade responderam à pesquisa de forma semelhante aos habitantes da capital do Estado.
O comerciante Givanildo Esterro da Silva, 43 anos, mora na rua João Mousinho. O endereço fica no bairro José Américo, em João Pessoa. O dono de uma pequena mercearia se encaixa no perfil de pessoenses que desconhecem o que é saneamento básico. Para ele, o serviço se resume às ruas pavimentadas e com fornecimento de água. “Eu acredito que uma rua saneada é a que a prefeitura faz o calçamento e água chega nas torneiras”, resumiu ao desconhecer que saneamento básico ainda inclui o serviço de esgotamento sanitário.
Na rua de Givanildo Esterro, a água utilizada para lavar pratos e roupas da pia de cozinha, sai do domicílio e vai direto para um cano de ferro que joga o esgoto em um pequeno rio que passa na rua João Mousinho. No local, ainda existe um cano estourado que jorra água pela rua. “Há oito dias que o cano está desse jeito. Nossas casas já estão até sem água”, disse o comerciante. Mesmo sem saber que o serviço de saneamento básico é administrado pelo Estado, Givanildo Esterro acionou a Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (Cagepa) para solucionar o problema do cano estourado. Agora, ele e os moradores aguardam o fim do desperdício de água no local. “Eu pensava que era a prefeitura que fazia o saneamento e a Cagepa resolvia os problemas”, completou.
No Nordeste, foram 16 cidades pesquisadas pelo Trata Brasil e Ibope. O resultado do levantamento colocou João Pessoa no 9º lugar no ranking dos municípios nordestinos. Campina Grande é a cidade onde existe a população mais esclarecida sobre o tema. A cidade ocupa a 1ª colocação na lista. Jaboatão dos Guararapes (PE) é o município onde as pessoas têm menos conhecimento sobre o serviço público. Na cidade pernambucana, 73% dos moradores desconhecem o que é saneamento básico.
A assessoria de imprensa da Companhia de Água e Esgotos da Paraíba informou que não possui conhecimendo da pesquisa do Instituto Trata Brasil e do Ibope. Contudo, destacou que João Pessoa, por exemplo, possui uma rede de cobertura de esgotamento sanitário de 52% e que deverá chegar a 82% quando as obras estiverem concluídas na cidade.
Por outro lado, o secretário de Infraestrutura de João Pessoa, João Azevedo, concordou com o resultado do levantamento. “Não se pode contestar os dados de uma pesquisa, exceto quando outra pesquisa traz outro resultado. Mas eu não sei como alguém utiliza o serviço e desconhece o sistema. No caso de pessoas que utilizam as fossas dentro de casa, elas poderiam dizer que não sabem o que é saneamento básico”, declarou.
No Brasil, a pesquisa feita por amostragem ouviu 1.008 pessoas moradoras das 79 cidades brasileiras com mais de 300 mil habitantes e revelou que 31% da população não sabe o que é Saneamento Básico. Em uma questão específica sobre o termo, na qual os entrevistados poderiam indicar mais de um tipo de serviço dentro do conceito, as cinco respostas mais mencionadas foram: serviços de esgoto (54%), serviços de água (28%), coleta de lixo (15%), limpeza pública (14%) e pavimentação (8%). A citação ao esgoto ficou em primeiro lugar em todas as regiões do país, seguida de serviços de água, que só na região Nordeste ficou em terceiro lugar, atrás de limpeza pública.
“Como os dados oficiais indicam que esta porcentagem é menor, percebe-se que a população acredita que o esgoto de seu domicílio é ligado à rede municipal de esgoto, quando na verdade não é”, concluiu o presidente executivo do Instituto Trata Brasil, Raul Pinho. A pesquisa mostrou que 1 em cada 5 domicílios (20%) consultados não está ligado à rede pública. Os índices são maiores nas cidades da região Nordeste (56%) e de médio porte (68%).
Embora pouco mais de ¼ dos entrevistados (28%) afirmarem desconhecer o destino do esgoto de sua cidade, percentual próximo (22%) dos que acreditam que os resíduos vão para uma estação de tratamento; para 32%, o esgoto das casas segue direto para os rios. Quanto ao tratamento, 17% das pessoas acham que todo o esgoto coletado recebe tratamento, 50% avaliam que apenas parte dos resíduos é tratado e para 16% não há tratamento algum. Quase 1/5 (17%) dos entrevistados não soube opinar.
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