ECONOMIA
Consumidores mudam de costumes por causa de alta nos alimentos
Alta no preço dos alimentos tem levado o consumidor paraibano a pesquisar mais e até mesmo diminuir as compras para não estourar o orçamento.
Publicado em 31/07/2012 às 6:00
A alta expressiva nos preços dos alimentos no primeiro semestre deste ano é um dos principais motivos para o crescimento da inflação nos últimos meses. Produtos da alimentação básica, como feijão, banana, tomate, farinha e manteiga estão pesando cada vez mais no bolso dos paraibanos e fazendo com que muitos consumidores precisem mudar de costumes para conseguir fazer a feira.
A cabeleireira Joselita Bandeira se queixa da variação nos preços, especialmente do feijão. “Antigamente, eu comprava um quilo por R$ 2,00. Hoje, a maioria dos lugares está vendendo por R$ 5,00 ou R$ 6,00”, afirmou. A alta nos preços não se restringe apenas à alimentação básica, como comenta a consumidora. “Comprei hoje uma rapadura por R$ 2,50, quando antes ficava por R$ 1,40”, acrescentou.
A dona de casa Mira Farias concorda: “O feijão antes ficava por R$ 2,99. Agora, o mínimo que eu encontro é por R$ 4,50, chegando até aos R$ 6,00”, comentou. Para diminuir os gastos, Mira não vê outra alternativa senão diminuir a quantidade de produtos comprados. “Está tudo mais caro, não só aqui no Centro (de João Pessoa), mas em todo lugar que procuro. Acabo, às vezes, diminuindo a feira. Acredito que essa é a única maneira de não permitir que essa alta afete tanto meu orçamento”, lamentou.
Produtos como arroz, óleo e pão também são apontados pela doméstica Geralda Bezerra como os responsáveis por um encarecimento considerável na feira mensal. “Não tenho muita ideia de quanto a feira total aumentou, mas esse encarecimento está evidente. Acho que o preço de tudo subiu por causa do aumento do salário mínimo”, opinou.
Apesar da alta dos produtos, alguns comerciantes da capital já estão conseguindo vender o feijão por preços um pouco mais baixos desde o início do mês. “O feijão carioca caiu dos R$ 7,00, no começo do ano, para os R$ 4,00”, garantiu o comerciante Josélio Berto, que ainda afirmou estar vendendo o grão de estados como Mato Grosso e Minas Gerais, uma vez que a seca prejudicou a produção local. O arroz, no entanto, encareceu.
“Estou vendendo por R$ 1,80, enquanto antes eu conseguia vendê-lo por R$ 1,50, no máximo R$ 1,60”, disse o vendedor.
A queda no valor do feijão nos últimos quinze dias se repete na banca de Josenildo Freire, no Mercado Central de João Pessoa. Lá, o produto estava por R$ 6,50 a R$ 7,00 desde o início do ano, caindo para R$ 4,00 na última quinzena. A alta em outros produtos, porém, está atrapalhando um pouco as vendas, de acordo com o comerciante. “O consumo está caindo e, infelizmente, não há nada que eu possa fazer, senão vou diminuir minha margem de lucro”, comentou. A farinha de mandioca, por exemplo, está sendo vendida no local por R$ 2,50, quando normalmente ela ficava por R$ 1,80 a R$ 2,00 (aumento de 38,8% no preço).
Segundo pesquisa divulgada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) no início deste mês, João Pessoa fechou o primeiro semestre com a maior variação do valor da cesta básica do país, apresentando um crescimento de 12,41% nos primeiros meses do ano. Dentre os produtos que estão pesando mais no orçamento do consumidor estão a banana (61,54%), o feijão (56,5%) e o tomate (31,06%).
O economista do Dieese, Renato Silva, afirma que essa alta considerável nos preços de alguns produtos é um movimento nacional. Ainda assim, ele garante que o consumidor pode encontrar valores melhores se souber onde procurar.
“Os bairros mais nobres, próximos à praia, vão sempre apresentar preços mais elevados, enquanto no Centro, Rangel ou no Cristo, por exemplo, os valores são melhores. A dica que dou, portanto, é que o consumidor faça uma pesquisa de preços, dando prioridade a mercadinhos e a bairros mais populares”, disse.
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