ESPORTES
Morre Pelé, o Rei do Futebol, aos 82 anos
Ex-jogador de futebol tratava de um câncer de cólon e seu estado de saúde deteriorou nas últimas semanas.
Publicado em 29/12/2022 às 16:01 | Atualizado em 29/12/2022 às 17:55
Edson Arantes do Nascimento, Pelé, morreu aos 82 anos, nesta quinta-feira (29), em decorrência de um câncer de cólon. Ele estava internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, e também tratava de uma infecção respiratória e disfunções nos rins e no coração.
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O Rei do Futebol tratava do câncer desde setembro de 2021 e em fevereiro deste ano começou os tratamentos mais intensos contra a doença, tendo que retornar ao Albert Einstein algumas vezes. O câncer de cólon é um dos três tumores malignos mais frequentes do Brasil.
Carreira como jogador
Como jogador, Pelé atuou quase toda sua carreira pelo Santos Futebol Clube, de São Paulo, começando nas categorias de base do clube paulista ainda aos 15 anos.
Pelo Santos, Pelé é dono de marcas impressionantes: venceu dez vezes o Campeonato Paulista, torneio do qual foi o artilheiro por nove temporadas seguidas. Ainda foi bicampeão da Libertadores e do Mundial de clubes, em 1962 e 1963. Foi também com a camisa branca do Peixe que marcou seu milésimo gol, contra o Vasco, no Maracanã, no dia 19 de novembro de 1969. Segundo números do Santos, Pelé marcou pelo clube 1.091 gols em 1.116 jogos.
Na Seleção Brasileira, com a histórica camisa 10, Pelé venceu a Copa do Mundo três vezes. A estreia na Seleção aconteceu em 1957, numa partida da Copa Roca contra a Argentina, quando também fez seu primeiro gol com a camisa amarelinha. Pela equipe brasileira, com apenas 17 anos, venceu a Copa do Mundo na Suécia, em 1958.
Quatro anos depois, se machucaria na segunda rodada do Mundial do Chile, também vencido pelo Brasil. Após ser caçado em campo com duras faltas na Copa do Mundo de 1966, na Inglaterra, ele comandou o lendário time brasileiro ao tricampeonato mundial em 1970, no México – é o único jogador a vencer três Copas, marca que nenhum outro atleta no futebol conseguiu repetir.
Com a camisa canarinho, Pelé disputou 113 jogos e marcou 95 gols, de acordo com números da CBF. Nas contas da Fifa, que considera apenas jogos entre seleções, são 77 gols em 91 partidas.
Além disso, o brasileiro também passou pelo New York Cosmos nos Estados Unidos, em breve passagem, quando conquistou o título nacional norte-americano em 1977.
Pelé também foi considerado o jogador do século XX pelo instituto IFFHS, que mede estatísticas históricas ao longo dos anos no futebol mundial.
O brasileiro atingiu a marca de 1283 gols em 1363 partidas ao longo de sua carreira, mas a FIFA, federação que regula as regras do futebol, não considera grande partes desses tentos e jogos como oficiais. Em números trazidos pela entidade, Pelé tem 767 gols, o que o tornaria o quarto maior artilheiro da história de todo o futebol.
Família de Pelé
Pelé teve sete filhos e estava casado desde 2016 com Márcia Aoki. Do primeiro casamento, com Rosemeri Cholbi, nasceram Kelly Cristina, Edinho e Jennifer. O ex-jogador também é pai dos gêmeos Joshua e Celeste, de seu relacionamento com a psicóloga Assíria Lemos. Além desses, Pelé teve duas filhas fora do casamento: Sandra Regina, que só obteve o reconhecimento da paternidade pela Justiça e morreu em 2006, e Flávia.
Vida e obra
O garoto Edson ainda não tinha completado 10 anos quando viu o pai, Dondinho, chorando ao lado do rádio. A seleção brasileira havia acabado de ser batida pelo Uruguai na dolorosa derrota do Maracanã, na final da Copa de 1950, enterrando o sonho de toda a nação de ser campeã do mundo. Aquelas lágrimas levaram Dico, como era chamado na casa dos Arantes do Nascimento, em Bauru, a uma promessa: ganharia um Mundial para o pai se ele parasse de chorar.
Dico pouco depois se transformaria em Pelé e cumpriria aquele juramento: venceria não só uma, mas três Copas. Com sobras, ainda se tornaria o maior jogador de futebol de todos os tempos, ícone máximo de um esporte que, para muitos, é religião. Virou Rei, conquistou o mundo, e hoje seus súditos choram a sua morte, aos 82 anos.
Sem as chuteiras, tornou-se um astro internacional, foi astro de cinema, gravou discos e emprestou sua imagem para vender uma infinidade de produtos, o maior garoto-propaganda tupiniquim. Teve uma vida atribulada, com polêmicas que vez ou outra o fizeram de vidraça. Ganhou fama de pé-frio, com seus palpites de pontaria que não poderia ser comparada, nem de longe, à de seus chutes. Nos últimos anos, a casca dura de herói imbatível foi afinando com os seguidos problemas de saúde que mostravam a todos que Pelé era um ser humano – pois é, acredite. Em 2012, passou por uma cirurgia para corrigir um desgaste no quadril que lhe tirou parte do fêmur, afetado pelas imparáveis arrancadas nos anos de gramado. Em 2014, outro susto: foi internado para uma cirurgia de retirada de cálculos renais e, duas semanas depois, voltou ao hospital para tratar uma infecção urinária. Um ano depois, passou por uma cirurgia na coluna. Em 2019, voltou a sofrer com problemas urinários e foi internado – primeiro em Paris, depois em São Paulo.
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