ESPORTES
Salários atrasados, promessas vazias e cestas básicas para funcionários fazem parte do ambiente do Treze em 2021
Problemas extracampo vêm sendo tônica no Galo há anos na gestão de Walter Júnior
Publicado em 23/03/2021 às 13:33 | Atualizado em 18/04/2023 às 15:20
Por Pedro Alves
A gestão de Walter Júnior à frente do Treze tem uma certa homogeneidade em alguns aspectos. Pena que nos piores. Não à toa, jogadores que já passaram pelo Galo reclamam da mesma coisa que atletas e funcionários do atual elenco. Casos de Mauro Iguatu, que foi fundamental numa campanha de acesso e tem incontestáveis serviços prestados, Moisés, que sequer começou a treinar por conta de promessas descumpridas pelo dirigente, e Saldanha, que botou o time na Justiça. Vários perfis de profissionais que sofrem com a mesma coisa: salários atrasados e promessas vazias.
Infelizmente, 2021 não começa diferente. A assinatura da gestão do mandatário trezeano continua com traços tortuosos. Permanecem as promessas e segue o atraso de salários. O Treze não pagou ainda o mês de fevereiro para atletas e comissão técnica. O time, por sinal, não treinou na antevéspera do jogo contra o América-MG pela Copa do Brasil por isso. Confuso, Walter negou fosse esse o motivo em entrevista ao ge, ao mesmo tempo que assumiu. “É algo normal no futebol”, disse ele. Apesar de constatar um fato, Walter normaliza algo que tem que ser combatido. No seu caso, em discurso e prática.
Os funcionários, aquela turma que vive o clube de uma maneira mais visceral, que ficam bem mais, enquanto jogador e dirigente passam, sofrem mais. Em todos os sentidos. Têm uma relação até mais sentimental com o clube muitas vezes. E, além disso, são quem ficam por último na lista de pagamento quando a grana entra nos cofres. Vários funcionários estão há mais meses sem receber salário. Uma tristeza!
Muitos deles ficam sem condições básicas por conta da ausência de suas únicas fontes de renda. O blog apurou com uma fonte do clube que, naturalmente, não quis se identificar, com medo de represálias, que muitos jogadores acabam doando cestas básicas para funcionários que trabalham no Presidente Vargas. Figuras como o zagueiro Adriano Alves e o meia Kleiton Domingues, que estão sem receber, mas têm um pé de meia melhor costurado, se solidarizam e contribuem.
Marcelinho Paraíba vem tendo um trabalho redobrado para blindar o grupo. E vem sendo competente, até o momento. Se imaginava que essa habilidade ele teria. Ídolo do Treze, famoso jogador do país e que tem uma linguagem ainda inteiramente “aboleirada”, Marcelinho tem conseguido, através da palavra da bola e de Deus, convencer a turma a correr e buscar resultados. Até aqui o Treze vem bem na temporada. Está na zona de classificação da Copa do Nordeste e teve boa atuação no jogo inexorável da Copa do Brasil.
Mesmo assim, não vem sendo fácil. A insatisfação aumenta no grupo, que recebe compromissos - em vez de cheques - pré-datados, mas sem fundos. Principalmente com as notícias de que o Treze conseguiu desbloquear 80% da sua receita oriunda do futebol na Justiça do Trabalho. É claro que a situação da pandemia agrava a situação financeira de qualquer clube - e também de qualquer trabalhador. Mas, falemos a verdade, boa parte dessas situação é vista no Treze desde o tempo - parece longe, mas não é - em que torcida pagava ingresso para ver jogo no Amigão e Presidente Vargas.
Já foi prometido pagamento para depois do jogo do América-MG. Nada! A promessa da vez é pagar o grupo no hotel em Salgueiro, onde o time se hospeda antes de encarar o Salgueiro na quarta-feira. Promessa feita, e o time viajou. Será que paga? Por enquanto, no Galo, só funcionários e torcida que pagam… o pato.
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