Ministério da Saúde recua e libera vacinação de adolescentes contra a Covid-19

Um Comitê formado por representantes do ministério, Anvisa e Fiocruz confirmou que a morte de uma jovem de 16 anos de São Bernardo do Campo não está relacionada com a vacinação contra o coronavírus.

Foto: Arquivo Pessoal
Ministério da Saúde recua e libera vacinação de adolescentes contra a Covid-19
Vacinação de adolescentes, sem comorbidades, em João Pessoa, começou na terça-feira (21). Foto: Arquivo Pessoal

Um semana após orientar pela suspensão da vacinação de adolescentes sem comorbidades, o Ministério da Saúde dá marcha à ré. Nesta quarta-feira (22) à noite, liberou a vacinação do grupo. Quando tomou a decisão, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, criticou a campanha antecipada dos estados e falou que haviam “eventos adversos a serem investigados”. Na nota divulgada ontem, o Ministério afirmou o que muitos especialistas, inclusive de órgãos consultivos do governo, passaram a semana afirmando:

Os benefícios da vacinação são maiores do que os eventuais riscos dos eventos adversos da sua aplicação”[…] Comparando tudo o que foi aplicado, mesmo com esses supostos erros de imunização, é um percentual muito baixo (…) então, hoje o ministério não suspende mais de forma cautelar a imunização em adolescentes sem comorbidades, informou a pasta, ontem (22).

A suspensão foi bastante criticada por especialistas, sociedade e associações médicas, e gestores, que alegaram que não havia base científica para decisão. Na última terça-feira (21), o ministro do STF, Ricardo Lewandowski, autorizou estados e municípios a vacinas os adolescentes de 12 a 17 anos sem doença, alegando o mesmo motivo: falta da base científica do MS. Mais de 20 capitais e várias cidades do país, com autonomia, continuaram a imunização, mesmo com a orientação do ministro Queiroga.

Segundo a secretária de Enfrentamento à Covid-19, Rosana Leite Melo, todos os brasileiros devem ser imunizados até o final de 2021, mas o Plano Nacional de Imunizações (PNI) precisa ser respeitado pelos estados e municípios. A prioridade, no entanto, tem que continuar sendo os grupos vulneráveis: “não só o grupo com comorbidades, mas a população que precisa de reforço e o encurtamento de prazo”.

Morte não está relacionada à vacinação

Um Comitê formado por representantes do ministério, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) confirmou que a morte de uma jovem de 16 anos de São Bernardo do Campo, ABC Paulista, não está relacionada com a vacinação contra o coronavírus. O afastamento da hipótese também influenciou na decisão.

“O processo investigativo foi validado pelos membros do CIFAVI e o diagnóstico referendado. (…) A causalidade foi classificada como coincidente, ou seja, descartou-se a possibilidade de o óbito ter sido relacionado à administração da vacina”, afirmou a Anvisa em nota.