CONVERSA POLÍTICA
Pesquisa revela que fome, desemprego e meio ambiente podem impactar no voto dos jovens em 2022
Estudo retrata como os jovens e adultos entre 16 e 34 anos de idade percebem a política nacional e foi solicitado aos entrevistados que indicassem qual valor social era o mais importante para eles.
Publicado em 03/11/2021 às 21:25
Um pesquisa realizada pelo instituto Ipec (antigo Ibope) revelou que o combate à fome e a pobreza, geração de empregos e preservação do meio ambiente são os valores sociais considerados mais importantes pelos jovens.
O que significa que poderão estar entre os principais fatores para definição do voto nas eleições presidenciais de 2022. A pesquisa retrata como os jovens (e adultos) entre 16 e 34 anos de idade percebem a política nacional e foi solicitado aos entrevistados que indicassem qual valor social era o mais importante para eles.
O resultado foi: 33% citaram o combate à fome e à pobreza como primordiais. Para 16%, é um país com economia forte e que gere empregos. Destaque também para o maior número de jovens que valoriza mais a preservação da Amazônia e do meio ambiente (14%) do que o acesso à educação e à saúde (ambos com 3% das menções) e o combate à corrupção (7%), por exemplo.
Medo da agressividade
A pesquisa também revela que 20% de nossos jovens desconhecem o que é o Congresso ou o Supremo Tribunal Federal, por exemplo.
Mas eles também não se sentem encorajados a fazer perguntas ou a discutir política: 80% consideram que o debate político é agressivo e intolerante e 59% não falam sobre política nas mídias sociais por medo de serem julgados, cancelados ou tratados de forma agressiva.
Os dados mostram ainda que o medo da intolerância política afeta mais os jovens de menor renda: 7 em cada 10 jovens entre as famílias com renda familiar de até 1 salário-mínimo não participam das discussões sobre política nas redes sociais por medo.
Percepção de "direita e esquerda"
Outras descobertas que se destacam: 69% consideram que a direita é intolerante e agressiva; 66% pensam o mesmo sobre a esquerda; 83% acreditam que o debate político nas mídias sociais é agressivo ou intolerante; 80% consideram o debate político como um todo, agressivo ou intolerante; 58% acham que a divisão entre direita e esquerda não faz sentido.
"O que essa pesquisa nos mostra é que este governo falhou com os jovens: não há comida na mesa de suas famílias, eles não têm lugar no mercado de trabalho e seu futuro está sendo ameaçado pela destruição ambiental [...] Eles estão famintos por soluções reais e um debate político saudável", afirmou Nana Queiroz, representante do Avazz, que solicitou a pesquisa.
A Avazz é um movimento democrático global com mais de 60 milhões de membros em todo o mundo, que trabalha para proteger a sociedade contra os perigos da desinformação e defender a liberdade de expressão nas mídias sociais.
Participação na vida política
O estudo apontou que os jovens estão dispostos a participar da vida política: 82% dos entrevistados entre 16 e 18 anos estão interessados em tirar o título de eleitor para votar nas próximas eleições, mesmo antes de atingir a idade obrigatória.
Quando perguntados sobre o motivo, 29% dizem que o momento político preocupante exige isso. Isso representa cerca de 5 milhões de votos não previstos que podem influenciar o placar do jogo político no próximo ano.
"Nenhuma sociedade pode evoluir ou se transformar se as pessoas se sentem silenciadas ou com medo de falar sobre seus erros e dúvidas. Se não trouxermos os jovens de volta ao centro do debate político, corremos o risco de perdê-los ou para a radicalização ou para a apatia", afirmou Marcio Black, um dos coordenadores da Fundação Tide Setubal, que também financiou a pesquisa.
A Fundação Tide Setubal é uma organização não governamental, criada em 2006, que fomenta iniciativas promotoras da justiça social e do desenvolvimento sustentável de periferias urbanas e que contribuam para enfrentar desigualdades socioespaciais das grandes cidades.
Metodologia da pesquisa
A pesquisa representa a população do país com idade entre 16 e 34 anos. Levantamento realizado entre 18 e 21 de setembro de 2021, com 1.008 jovens nessa faixa etária, por meio de questionários aplicados presencialmente, por uma equipe de entrevistadores especificamente capacitada para lidar com este tipo de público.
A margem máxima de erro é estimada em 3 pontos percentuais para mais ou para menos em relação aos resultados obtidos na amostra total. O nível de confiança é de 95%.
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