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CONVERSA POLÍTICA

Padre Egídio e Amanda sacavam dinheiro na 'boca do caixa' para apagar rastros dos desvios, diz Gaeco

Os valores giravam em torno de R$ 50 mil a R$ 200 mil, conforme consta na decisão, no âmbito da segunda fase da Operação Indignus, deflagrada nesta sexta-feira (17).

Publicado em 17/11/2023 às 11:31 | Atualizado em 17/11/2023 às 16:38


                                        
                                            Padre Egídio e Amanda sacavam dinheiro na 'boca do caixa' para apagar rastros dos desvios, diz Gaeco
Operação cumpre mandados de prisão contra padre Egídio, Jannyne Dantas e Amanda Duarte

De acordo com o Gaeco do Ministério Público da Paraíba, o Padre Egídio e Amanda Duarte, ex-tesoureira do Hospital Padre Zé, eram quem, na maioria das vezes assinavam o cheques para que fossem sacados em dinheiro, na boca do caixa. Os valores giravam em torno de R$ 50 mil a R$ 200 mil, conforme consta na decisão, no âmbito da segunda fase da Operação Indignus, nesta sexta-feira (17), e a que o Conversa Política.

"Nesse mecanismo financeiro, o cheque sacado era intitulado como a primeira saída de caixa, enquanto o valor em espécie (sacado) era a entrada de caixa. Entretanto, pelos relatórios de contabilidade, não se foi possível constatar para onde ou para quem foram esses valores sacados em espécie das contas do Instituto São José. Ou seja, os representados adotavam esse modus operandi justamente para dificultar o paper trail", alerta o Gaeco.

Ainda conforme o MP, na tentativa desesperada de se justificar esses desfalques das contas e o verdadeiro deságue dos recursos do Hospital para os proveitos pessoais dos representados, é que se criou uma nomenclatura dentro da contabilidade (uma nova espécie de rubrica) do Hospital Padre Zé de "côngruas e espórtulas".

De acordo com o MPPB, as investigações, que desencadearam esta operação, revelam um esquema de desvios de recursos públicos estimados em cerca de R$ 140 milhões, de 2013 a setembro deste ano. A título exemplificativo, as saídas de dinheiro público para o patrimônio particular de Egídio em 2021 foi de aproximadamente R$ 1,9 milhão  e em 2022 foi de aproximadamente R$ 1,6 milhão.

Danos aos mais vulneráveis

Os atos ilícitos investigados, segundo o Gaeco, tiveram um impacto devastador em diversos programas sociais essenciais. Entre eles, a distribuição de refeições a moradores de rua, o amparo a famílias refugiadas da Venezuela, apoio a pacientes em pós-alta hospitalar, realização de cursos profissionalizantes, preparação de alunos para o ENEM, cuidados de pacientes com HIV/AIDS, entre outros.

Além disso, as operações ilícitas afetaram gravemente o Hospital Padre Zé, comprometendo o atendimento a populações carentes e necessitadas”, afirmou Otávio Paulo Neto, coordenador do Gaeco.

Sumiu com provas

Para pedir a prisão dos investigados, o MPPB alegou que nos aparelhos celulares apreendidos foi possível obter a informação de que os investigados foram orientados a tentar apagar o rastro dos ilícitos, trocando telefones ou mudando senhas dos e-mails institucionais, acessos e computadores, tudo isso para dificultar o contato com todas essas informações.

“Imagens extraídas do aparelho celular apreendido com Egídio de Carvalho Neto apontam para fortes indícios de provas de elevadas despesas pessoais do investigado, bem como o uso de valores desviados das instituições geridas pelos investigados para fins pessoais. Dentre as despesas destacam-se as seguintes: pagamentos de faturas de cartão de crédito Santander, nos seguintes valores: R$ 35.754,81 (Ago/2022), R$ 18.971,97 (Set/2022), R$ 30.545,89 (Out/2022), pagamento de ITCD pelo investigado (…) no valor de R$ 17.700,00, relativo à doação de um apartamento, localizado no bairro do Cabo Branco”, diz o pedido de prisão do MPPB.

Propinas

As investigações realizadas pelo GAECO também apontam para um sistema criado pelo investigado Egídio de Carvalho Neto, liderado pela Diretora Administrativa do Hospital Padre Zé, Jannyne Dantas e subsidiado por meio de pagamentos efetuados pela investigada Amanda Duarte, através do qual se realizava o pagamento de propinas a fornecedores do Instituto Padre ZÉ, Hospital Padre Zé e da Ação Social Arquidiocesana.

“Anotações feitas por Amanda Duarte, num dos cadernos encontrados na tesouraria, indicam que o fornecedores eram orientados a faturar os pedidos com valores superiores efetivamente entregues e, após receberem o pagamento pelas instituições lesadas, faziam a “devolução” de valores pré-definidos”, afirmou.

Decisão de prisão

Na decisão, o desembargador Ricardo Vital afirmou que, quanto aos investigados, não se revela cabível a aplicação de medidas cautelares alternativas à prisão. “Posto insuficientes a resguardar a ordem pública e aplicação da lei penal e a preservar a instrução criminal”, concluiu.

De acordo com Vital, há contemporaneidade entre as supostas condutas criminosas e as prisões preventivas decretadas e que há fortes indícios de participação de terceiros, “posto que a magnitude dos valores desviados ao longo dos anos indica haver colaboradores dos investigados na dilapidação do patrimônio das instituições lesadas”, explicou.

O desembargador argumentou que há possibilidade de ocorrer novas fraudes em relação aos valores obtidos por meio de empréstimos.

Fica evidente a possibilidade de haver outros pagamentos ilegais, ocultos ainda aos olhos dos órgãos de investigação, organizados e estruturados, entre os participantes do apontado esquema criminoso”, afirmou.

Defesas

Ainda não conseguimos contato com as defesas do Padre Egídio e das ex-diretoras. Assim que tivermos informações, registraremos em outro post.

Rombo

O Conversa Política apurou que, nos últimos cinco anos, a entidade filantrópica recebeu mais de R$ 290 milhões de convênios firmados com o governo federal, estadual e o município de João Pessoa.

O atual diretor da unidade, Padre George, em entrevista recente, afirmou que a antiga direção fez um empréstimo de R$ 13 milhões em dois bancos, mas ninguém sabe onde o dinheiro foi usado. Por causa da operação financeira, R$ 250 mil são debitados todo mês na conta do hospital.

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Imagem ilustrativa da imagem Padre Egídio e Amanda sacavam dinheiro na 'boca do caixa' para apagar rastros dos desvios, diz Gaeco

Angélica Nunes Laerte Cerqueira

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