COTIDIANO
Opinião: Breno Morais é muito mais nocivo ao Botafogo-PB do que benfeitor do clube
Responsável pela reestruturação do Belo, Breno Morais hoje é um peso que o presidente Alexandre Cavalcanti tem que administrar.
Publicado em 22/03/2023 às 15:58
Breno Morais: mocinho ou vilão?
O presidente do Botafogo-PB, Alexandre Cavalcanti, abriu a coletiva da última segunda-feira, na Maravilha do Contorno, visivelmente consternado. Disse que queria estar falando da emblemática vitória sobre o Sousa, que deixa o Belo a um empate da decisão do Campeonato Paraibano Betino, e não de assuntos extracampo.
Mas foi isso que aconteceu. Alexandre teve que explicar, em nome do clube, a truculência do conselheiro benemérito Breno Morais, que, escoltado pelo vice de futebol Afonso Guedes, detratou profissionais de imprensa que cobriam a partida.
O presidente poderia estar falando da melhor atuação do time na temporada, do acerto em efetivar Tiago Batizoco no comando técnico até o fim do estadual, dos reforços trazidos para a reta final da competição, da promoção feita para os torcedores encherem o Almeidão...
Em vez disso, teve que remediar mais uma intempérie do outrora benfeitor do clube.
Breno Morais hoje é muito mais vilão do que mocinho. Prejudica mais do que ajuda. Por causa dele — e de seu modo de agir —, botafoguenses históricos estão se afastando da gestão. Sérgio Meira foi o primeiro a virar oposição. Hoje em dia, já não sentam mais na mesma mesa Zezinho Botafogo, Guilherme Novinho, Nelson Lira...
Alexandre é o único que resiste ao lado de Breno. E é quem toca o barco com diplomacia. Não sei o futuro do clube se o atual presidente renunciasse. Hoje ele é, disparado, a principal figura política do clube, justamente por contrapor o modus operandi de Breno. Mas, é bom lembrar, o atual presidente está fora do tabuleiro político em 2024, já que está em seu segundo mandato, e o estatuto do clube só permite uma reeleição.
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Breno Morais terá que se explicar
Breno Morais terá que se explicar novamente. Tem contra ele três BOs registrados por jornalistas após a confusão de sábado. Motivos mais do que suficientes para a Justiça repensar a volta das cautelares que o impediam de frequentar estádios. Afinal, desde que o juiz André Guedes derrubou essas limitações, em abril de 2020, o conselheiro não é exatamente um exemplo de comportamento.
Vale lembrar: em 2018, Breno Morais foi impedido de frequentar estádios após investigação da Operação Cartola. A juíza Andrea Galdino determinou uma série de restrições ao dirigente para não atrapalhar as investigações que apuravam manipulação de resultados no futebol paraibano.
A dita Operação Cartola, por si só, já mancha a história do Belo. E, claro, está associada principalmente a Breno Morais.
Fora isso, Breno ainda está punido no âmbito esportivo, banido que foi pelo STJD. E terá que explicar o porquê de seu nome ter constado em súmula em três jogos do Campeonato Paraibano.
De qualquer forma, é bom que se faça justiça com essa história. Breno também escreveu seu nome de forma positiva. Foi o mentor do processo de reestruturação administrativa que colocou o Belo, hoje em dia, como o único clube do Nordeste totalmente zerado em pendências cíveis, fiscais e trabalhistas. Foi o aporte financeiro nas horas mais difíceis, o que trouxe títulos. É um empresário de sucesso e impôs o estilo assertivo de suas empresas para mudar o patamar de organização na Maravilha do Contorno. Isso é fato.
Mas isso não lhe dá o salvo-conduto para fazer o que quer hoje em dia. Há regras de convivência social que precisam ser cumpridas, e tal coisa o dinheiro não compra.
Hoje em dia, Breno é muito mais nocivo do que benfeitor para o clube. E a torcida já percebeu isso, separando o joio do trigo: na mesma forma que comemora vitória como a de sábado, também exige compliance no clube que ama.
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