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VIDA URBANA

Presidiários trabalham em escolas públicas

Projeto 'Construindo a Liberdade' consiste em utilizar a mão de obra dos reclusos na manutenção das escolas da rede pública estadual.

Publicado em 24/01/2014 às 6:00 | Atualizado em 01/06/2023 às 16:38

Na manhã de ontem, 18 detentos do sistema prisional paraibano deram início ao projeto de ressocialização 'Construindo a Liberdade', que consiste em utilizar a mão de obra dos reclusos na manutenção das escolas da rede pública estadual com os serviços de capinagem, pintura, limpeza e reparos hidráulicos. O projeto é desenvolvido pela Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), em parceria com a Secretaria de Estado da Educação (SEE).

Atualmente, o sistema prisional da Paraíba conta com 9 mil detentos, dos quais seis mil participam de algum projeto de ressocialização da Seap e a meta da pasta é alcançar os sete mil reeducandos até o final deste ano e início do próximo, segundo o secretário Walber Virgolino.

A primeira unidade educacional a ser beneficiada com o projeto foi a Escola Estadual de Ensino Infantil e Fundamental Dom Carlos Coelho, localizada na comunidade do Timbó, no bairro dos Bancários, em João Pessoa, onde os 18 reeducandos, sendo a maioria do regime semiaberto e apenas um do fechado, iniciaram a intervenção física no local, proporcionando uma melhoria visual para os alunos na volta às aulas, que acontece no próximo dia 05 de fevereiro.

De acordo com o secretário da Seap, Walber Virgolino, o bom comportamento dos detentos foi o principal pré-requisito para se inserir no programa, mas o tipo de crime cometido também foi ponderado na seleção, além de outros fatores. “Essa é uma foma de reintegrar o apenado à sociedade, onde eles estão tendo a oportunidade de interagir diretamente com a comunidade, de maneira que ele se sinta aceito por ela e não tenha mais vontade de delinquir de novo”, afirmou ao acrescentar que haverá uma rotatividade de reclusos no projeto com o objetivo de beneficiar o maior número possível de reeducandos.

O detento Washington Lima Santos, 32 anos, que cumpre pena no regime semiaberto por tráfico de drogas está entre os selecionados para participar do 'Construindo a Liberdade'. Ele comentou sobre a dificuldade de se inserir à sociedade após sair da prisão. “Não é nada fácil conseguir a oportunidade de reintegrar à comunidade e eu agradeço por essa chance que me foi dada. Eu sou pai de família e por isso só tenho a agradecer e aproveitar a oportunidade de recomeçar a vida”, declarou.

Já Aderivaldo de Lima, 43 anos, único detento do regime fechado a participar do programa, demonstrou entusiamo ao exercitar o que sabe e mais gosta de fazer: pintar. “Vou fazer o que puder para ajudar e para melhor a cara dessa escola. Vou mostrar que dou valor ao que faço”, disse. Aderivaldo, que cumpre pena por roubo e por homicídio, fará o letreiro da escola e uma arte colorida no refeitório do local.

Para a diretora da unidade estudantil, Ivaniza Madeiro Marinho, o projeto é um meio de integrar os reeducandos à comunidade com os serviços prestados à escola, que conta com cerca de 150 alunos. “A partir dessa parceria entre as duas secretarias, os detentos ganham um jeito de recomeçar a vida com sucesso”, frisou.

DUAS ETAPAS

O secretário Walber Virgolino explicou que o projeto é dividido em duas etapas, sendo a primeira de intervenção física, iniciada ontem, e a segunda de interação com os alunos no primeiro de aula, onde os detentos irão apresentar o trabalho desenvolvido por eles e compartilhar, por meio de depoimento, as dificuldades enfrentadas por conta de erros cometidos. “É uma forma pedagógica de ensinar aos jovens e adolescentes que o crime não compensa e que a solução é a educação. Desse modo, estarão alertando e afastando os alunos do crime”, observou Virgolino.

Também estiveram presentas na ação inaugural do projeto o secretário executivo da Seap, João Bosco, o diretor da Penitenciária de Segurança Máxima Criminalista Geraldo Beltrão, João Sitônio Rosa e o Juiz da Vara das Execuções Penais de João Pessoa, Carlos Neves de Franca Neto.

Imagem

Jornal da Paraíba

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