CULTURA
Série documental sobre a Chacina de Pioz está em produção na Espanha
A série documental sobre a Chacina de Pioz vai sair pela Atresplayer Premium e foca nas histórias de Patrick Nogueira, condenado pelo crime, e Marvin Henriques, segundo a revista Variety.
Publicado em 26/10/2021 às 13:06
A plataforma de TV espanhola Atresplayer Premium, do conglomerado de mídia Atresmedia Group, vai lançar uma série documental sobre a Chacina de Pioz, como ficou conhecido o assassinato brutal da família de paraibanos que morava na Espanha, em 2016.
Conforme relatado com exclusividade pela revista Variety, a série documental tem o título de produção de “Besos Marvin” (“Beijos, Marvin”, em tradução livre), e conta a história de Patrick Nogueira, sobrinho de uma das vítimas e condenado à prisão perpétua pelo crime, e do amigo dele, Marvin Henriques, que estava na Paraíba e trocou mensagens com Patrick durante o crime. Marvin foi absolvido da acusação de ser partícipe da chacina.
Segundo a revista, a série vai ter cinco episódios e está sendo desenvolvida em uma parceria entre a Espanha e o Brasil. “[A série] levanta várias questões sobre o crime: é possível ser cúmplice de um crime estando a 6 mil quilômetros de distância? Poderia a leitura de uma mensagem de WhatsApp inesperada tornar você um cúmplice?”, diz o texto da Variety.
Ainda conforme o texto, o documentário vai explorar as contradições éticas que as redes sociais apresentam para os jovens, mas também os desafios que a polícia e a Justiça têm diante de novas formas de cometer crimes.
Chacina de Pioz
O crime aconteceu no dia 17 de agosto de 2016. O casal paraibano Marcos Nogueira e Janaína Américo e os filhos dele, uma menina de 4 anos e um menino de 1, foram mortos e esquartejados por Patrick Nogueira, sobrinho de Marcos, na casa em que o casal morava em Pioz, na Espanha.
A família era de João Pessoa e tinha ido morar na Europa por causa de uma oportunidade de emprego que Marcos conseguiu em um restaurante. As mortes só foram descobertas um mês depois, após vizinhos notarem um odor saindo da residência. A família, no Brasil, não desconfiou da morte pois era comum que o casal passasse algum tempo sem dar notícias.
François Patrick Nogueira Gouveia matou a própria família
Inicialmente a Guarda Civil espanhola trabalhou com a possibilidade de que o crime tivesse acontecido por ajuste de contas. Porém, com o avançar das investigações, descartou-se essa tese e, 15 dias após a descoberta dos corpos, o caso foi dado como encerrado. François Patrick Nogueira Gouveia, sobrinho de Marcos, foi apontado como único suspeito, após a polícia achar material genético dele no local do crime.
Surpreendentemente, no dia 28 de outubro, a Polícia Civil da Paraíba anunciou a prisão de um segundo suspeito de envolvimento nas mortes. A prisão preventiva de Marvin Henriques Correia foi pedida pelo Ministério Público, que acreditava que o jovem de 18 anos participou do crime, mesmo à distância. Ele trocou mensagens via WhatsApp com Patrick, enquanto este executava o crime.
Condenado à prisão perpétua na Espanha
Em 2018, Patrick foi condenado a três penas de prisão perpétua por ter matado o tio e primos. Patrick também foi condenado a uma quarta pena, de 25 anos de prisão, pelo assassinato da esposa do tio dele, na mesma ocasião. Ao revisar um recurso feito pela defesa dele, o Supremo Tribunal da Espanha manteve a condenação e reuniu as penas em uma só condenação.
Na Espanha, a prisão perpétua acontece por meio da prisão permanente revisável, que é a punição mais grave existente no país. No caso, a pena pode ser revista a cada 25 anos. Além desta decisão, a Justiça também condenou Patrick a pagar uma indenização de 411.915 euros para a família das vítimas e para o proprietário da casa onde o crime aconteceu.
Absolvição de Marvin
Marvin Henriques, que havia sido acusado de ter participado da morte do tio de Patrick, uma vez que teria trocado mensagens e dado dicas ao assassino, foi absolvido de ser cúmplice da chacina em julho deste ano.
A Justiça paraibana entendeu que ele não praticou nenhum crime tipificado no Código Penal Brasileiro, sendo assim impossível de ser condenado.
Na sentença, a juíza Aylzia Fabiana Borges Carrilho, do Segundo Tribunal do Júri de João Pessoa argumentou que “não restam dúvidas que os fatos narrados na denúncia, no que diz respeito ao réu Marvin, não constituem uma infração penal. No máximo, poderiam ser considerados como sendo atos preparatórios; contudo, em nosso ordenamento jurídico não há tipicidade em condutas subjetivas”.
Ela ainda ressaltou que “a função do Poder Judiciário é fazer justiça, mas não a qualquer custo. Ao poder discricionário de julgar de um magistrado cabe os limites do nosso ordenamento jurídico”.
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