O que é o peixe-leão e qual o perigo que ele representa à vida marinha

O aparecimento do peixe-leão em praias da costa brasileira tem preocupado biólogos e ambientalistas pelo fato da espécie ser predadora e representar ameaça à biodiversidade, além de riscos à saúde dos seres humanos. Apesar de ser um animal bonito, o peixe-leão é venenoso e oferece perigo para mergulhadores, para o meio ambiente e para a economia.

O que é o peixe-leão?

O peixe-leão, também conhecido como peixe-dragão, é um peixe marinho venenoso e predador voraz, dotado de espinhos que utiliza para encurralar as presas antes de as engolir. Eles são conhecidos pelos enormes espinhos dorsais e pela coloração listrada, tendo uma aparência exótica.

Os peixes-leões vivem próximos a recifes de corais, são animais de hábitos noturnos, e vivem até 15 anos, se alimentando de peixes vivos.

De acordo com o biólogo Pedro Vieira, os peixes vivem em uma profundidade que varia de dois até 300 metros de profundidade, mas com preferência pela região de 60 metros de profundidade, que são onde estão os recifes de coral e naufrágios do ambiente costeiro brasileiro.

“Como estamos encontrando indivíduos desta espécie nas regiões mais rasas, isso significa que já há uma população estabelecida do peixe-leão na profundidade ideal para eles, que é a de 60 metros. Precisamos monitorar esse processo e tentar reduzir o avanço dessa população na costa”, explica.

Qual a origem do peixe-leão?

A origem do peixe-leão é a região do Indo-Pacífico, mas o animal invadiu o sistema do oceano Atlântico no final da década de 1980 e início da década de 1990. “O primeiro registro do animal na costa brasileira foi em 2020, quando apareceu em Fernando de Noronha, mas agora desde o início de março há os primeiros indícios na costa de Pernambuco e na Paraíba”, disse Pedro.

Em setembro de 2022, uma pesquisadora previu que, em breve, o animal chegaria à Paraíba. No estado, já foram encontrados peixes-leões na cidade de Marcação, no Litoral Norte; no naufrágio Alvarenga, em João Pessoa; em Cabedelo; e no naufrágio do Vapor Bahia, entre as cidades de Pitimbu, no Litoral Sul paraibano, e Goiana, no Litoral Norte pernambucano.

Qual o perigo do peixe-leão?

Segundo Pedro, o maior perigo do peixe-leão é que ele destrói a fauna marinha, por se alimentar de vários peixes. “Ele come os indivíduos juvenis de praticamente todas as espécies recifais, o que impede que estas populações cresçam”, explica.

Além disso, o animal também se reproduz muito rápido, podendo colocar até 30 mil ovos, e é venenoso para os seres humanos. Apesar de não ser fatal, o veneno do peixe-leão pode causar dor, enjoo e bolhas no local atingido pelos espinhos.

“Outro fator importante é que essas populações também se alimentam de peixes da pesca artesanal, ou seja, além do desequilíbrio ecológico, há também um desequilíbrio econômico nas regiões onde ele invade”, comenta o biólogo.

Peixe-leão é venenoso?

De acordo com o biólogo, o peixe-leão é sim um animal venenoso e esse é uma dos perigos que o animal pode apresentar com o contato com os seres humanos. O veneno do peixe-leão pode causar, entre outras coisas, dor, enjoo e bolhas no local atingido pelos espinhos, que são a estrutura responsável pelo armazenamento e também a produção do veneno do animal.

Além disso, vale ressaltar também que, apesar desses sintomas, o veneno do peixe-leão não é considerado letal, uma vez que ele entra em contato com os humanos, isso porque o veneno é expelido de maneira defensiva, ou seja, serve para espantar predadores potenciais e não é forte suficiente para matar.

Quem é o predador do peixe-leão?

A maior dificuldade em lidar com o peixe-leão é pela falta de predadores na costa brasileira. No Oceano Pacífico e no Caribe, existem predadores naturais, como tubarões e moreias, mas no Brasil nenhum animal o reconhece como presa, o que faz com que eles se aproximem dos animais nativos, que não se defendem tentando fugir, nem o atacam.

Além disso, o ICMBio descreve que por conta do peixe-leão não ser reconhecido como um predador pelos animais na costa do Brasil, eles não fazem parte dos ciclos naturais e da cadeia

alimentar nestes ambientes, portanto não possuem um predador natural nativo daquele local, o que dificulta o seu controle populacional.

Como resultado dessa não identificação do peixe-leão no ambiente marítimo em que ele está inserido, o animal se torna um predador em relação a espécies de peixe que são economicamente importantes, como acontece na região do caribe, descrito também pelo ICMBio, o que faz a diminuição do número dessas outras espécies.

Como agir se encontrar um peixe-leão?

Segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), existe um passo a passo que dá dicas de como a população pode se proteger do animal e como agir se encontrar um peixe-leão. O guia serve também para ajudar os pesquisadores a mapear a espécie.

O primeiro passo é identificar a espécie: o peixe-leão tem o corpo listrado de branco e tons de vermelho, laranja e marrom. A espécie é conhecida pelos 18 espinhos na parte dorsal, além das nadadeiras prolongadas.

Se a pessoa for furada pelo espinho do animal, a recomendação é se acalmar, afinal o veneno não é fatal para pessoas saudáveis. O órgão recomenda que a vítima passe água quente no local afetado para retardar a ação da substância tóxica, e que procure atendimento médico o mais rápido possível.

Para os nadadores e pescadores, caso encontrem um peixe-leão na água, é possível recolhê-lo. Para isso, a recomendação é colocar o dedão dentro da boca do peixe e, com a outra mão, cuidadosamente cortar os espinhos dele. O animal não deve ser devolvido para a água e sim colocado em um balde ou algum outro recipiente, e acionar o ICMBio ou outros órgãos.

Caso o animal seja avistado, a recomendação é que as pessoas anotem o local onde o peixe foi visto, a profundidade, e, se possível, fotografar ou filmar.

Fotos peixe-leão

Apesar de trazer alguns problemas para os seres humanos, o peixe-leão é um animal que os especialistas conseguiram fotografar com ampla ocorrência. Veja abaixo um compilado de fotos do animal.